|| Joana Carvalho Fernandes
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Sim, Álvaro, o pastel de nata em Paris é como o frango no churrasco

Em Paris come-se pastéis de nata "Comme à Lisbonne"

No número 37 da rue du Roi de Sicile, em Paris, o pastel de nata anda pelas bocas do mundo, alimentado pela pastelaria “Comme à Lisbonne”, que abriu há seis meses e vende mil pastéis por dia.

[Para a Agência Lusa]

Na quinta-feira, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, deu o exemplo do pastel de nata para falar da “falta de estratégia internacional dos nossos produtos”. Por contraponto lembrou a marca ‘Nando’s chicken’, ideia de um emigrante português na África do Sul, e deixou no ar a questão sobre que diferença haveria entre os dois produtos.

Aqui não há nenhuma. As natas portuguesas são apreciadas ‘Comme à Lisbonne’, praticamente como o frango de churrasco, e custam dois euros cada um.

Víctor Silveira e Christophe Boitiaux vieram para França com esta ideia na cabeça: “Eu soube sempre do poder do pastel de nata. Um pastel de nata bem feito encanta portugueses e estrangeiros. [As pessoas] provam e ficam logo com um sorriso na cara”, diz Victor à agência Lusa.

A loja fica a poucos metros da Câmara de Paris, numa rua com burburinho constante, gente para um lado e para o outro. Há sempre caras debruçadas sobre a janela que dá para a montra dos pastéis. O entra e sai é constante.

“O nosso conceito é o pastel de nata artesanal e cozinhado na hora. Preparamo-los de manhã e vamos fazendo fornadas ao longo do dia, para que as pessoas tenham a garantia de que comem sempre um pastel fresco”, acrescentou.

O espaço é pequeno, de traço português, da pedra da parede às andorinhas de cerâmica de Bordalo Pinheiro. Há café português, azeite, chocolate, conservas, Vinho do Porto, galos de Barcelos e até a Nossa Senhora de Fátima. A caixa registadora diz “Bom dia, Comme à Lisbonne”.

Víctor Silveira explica que a loja é uma janela aberta para Portugal: “Quisemos também trazer produtos ‘gourmet’ portugueses para mostrá-los aos franceses. E as pessoas estão a gostar. Vêm para comer o pastel de nata, provam o café e depois vão conhecendo os outros produtos”, disse.

Durante a semana vendem-se entre 200 e 500 pastéis de nata por dia. Aos fins de semana as filas passam da porta, os pastéis vendidos chegam aos mil. A maior parte dos clientes são franceses, muitos já clientes regulares. Mas mesmo entre os ocasionais e os de passagem não há muitos que nunca tenham provado o pastel de nata.

“Fiquei muito surpreendido com o número de pessoas que reconheciam este bolo, mesmo sem saberem dizer o nome. Diziam ‘o gâteau portugais’ ou ‘the portuguese tarts’. É conhecido por pessoas em todo o lado, não só pelos franceses. Onde há portugueses há pastéis de nata”, acrescentou.

Danielle Polosse leu sobre a loja numa revista, recortou o artigo e veio reencontrar aqui os “pastéis absolutamente excecionais” que conheceu em Lisboa: “Estivemos em Belém no Natal e quando regressámos a França descobrimos a morada desta loja, tivemos que vir experimentar. São deliciosos. Estamos muito contentes por termos encontrado aqui pastéis de nata”, contou à Lusa.

Marie Mazaleg, que chega depois de Danielle ter partido com um saco de seis pastéis, passou por acaso: “Sabia que havia aqui esta pastelaria e como estava a fazer umas compras aqui perto, entrei para recordar as férias que passei em Portugal, em 1976. Tenho ideia de que são bolos muito bons, vou prová-los em casa”, disse, com um saco de dois na mão.

Ana Lopes, emigrante em França há 40 anos, já comeu mais pastéis aqui do que em Lisboa. É cliente habitual. Entrou pela primeira vez porque “vendo o nome a gente sabe que é português e quer provar”. Vem quando pode. É fã assumida dos “pastéis de Lisboa de Paris”.

A procura é tanta que os sócios já planeiam abrir mais uma loja em Paris.

Discussão

1 thoughts on “Sim, Álvaro, o pastel de nata em Paris é como o frango no churrasco

  1. Bom texto, este. Já o tinha visto nalgum lado… 🙂

    Posted by MBA | Fevereiro 24, 2012, 17:58

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